podes fazer a diferença

 

“ Nem sempre saberemos as vidas que influenciámos e tornámos melhores só porque nos importámos, porque as nossas acções podem às vezes ter ramificações inesperadas. O que é importante é que te importes e que ajas.” – Charlotte Lunsford

Eu vivi em Moçambique durante 6 anos. É um dos países mais pobres do mundo. Nos primeiros 2 meses da minha estadia, mal conseguia dormir, devastada com a miséria que via à minha volta, queria ajudar toda a gente, levar todas as crianças para casa, dar de comida a todos os sem abrigo que encontrava pelas ruas, comprar todas as porcarias inúteis de artesanato que me impingiam no mercado. Sentia-me completamente impotente.

Eu trabalhava a tempo inteiro, mas muitas das minhas amigas não, tinham ido para Moçambique a acompanhar os maridos nas suas carreiras e não tinham quase nada para fazer – até as crianças tinham as suas respectivas bábás. Uma vez perguntei a uma delas porque é que não se envolvia numa instituição para ajudar pelo menos as crianças. Havia tantos orfanatos com tantas necessidades e ela tinha tanto o tempo como os recursos para o fazer. Ela respondeu-me que não havia solução – nada do que ela pudesse fazer seria alguma vez suficiente. Então, optou por não fazer nada!

Isto não era uma opção para mim. Tinha que haver algo que eu pudesse fazer, para além das contribuições financeiras. Então, decidi começar em casa, com os meus empregados. Com a casa que arrendei, “herdei” uma cozinheira, uma empregada de quartos e um jardineiro. A empresa providenciava um serviço de guardas 24h e dois motoristas. Com o tempo, acabei por ficar com mais dois empregados que trabalhavam em casa de amigos meus que, quando estes regressaram a Portugal, ficaram sem trabalho.

Eu sei, parece ridículo ter tanto pessoal, especialmente porque éramos apenas duas pessoas em casa… Mas a verdade é que, os 7 empregados que estávamos a pagar, custavam-nos para aí o que 1,5 nos custaria no nosso país e na realidade estávamos a sustentar 7 famílias. Eu não quis saber o que é que poderia parecer, ou o que pudessem pensar as pessoas.

Para alguns deles, as únicas verdadeiras refeições que tinham todo o dia eram as que tinham em nossa casa. Alguns deles tinham ainda que alimentar 4 ou 5 crianças mais os pais ou os sogros. A pouco e pouco conseguimos ir garantindo que todos eles tivessem uma casa de cimento e não uma palhota, com casa de banho, canalizações e electricidade. Para eles era um luxo! E todas as crianças passaram a ir à escola e todos tinham a sua roupa e sapatos.

Provavelmente não foi muito… não  mudei o mundo… mas senti que tinha feito alguma coisa e, ao menos para aquelas famílias, fizemos a diferença.

Onde podes tu fazer a diferença?

Leave a comment